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Então resolvi aceitar o convite para realizar a primeira curadoria da minha vida, a da Casa Cor/RS2017. A grande sacada é que eu não estava sozinha, a minha parceira de Rádio Arquitetura e também no espaço Casa Cor/2016, Aclaene de Mello, mais uma vez estava do meu lado diante desse grande desafio, aliás o convite para a curadoria partiu dela. Sabíamos onde queríamos chegar, não importava as curadorias anteriores, a nossa história era imprimir uma curadoria diferenciada.  Nossa estratégia para fazer bem feito foi abrir mão de fazer o nosso ambiente naquele ano para poder ter uma maior dedicação. Diante de muitas opiniões contrárias essa foi a decisão tomada. Bingo! Deu muito certo e ainda assim, ficamos responsáveis pelas circulações do evento, espaços menores, mas tratados com a mesma importância de um ambiente. Assumindo o desafio fui percebendo o que era ser curadora de uma Casa Cor, a principal mostra das Américas não tem esse prestigio de graça, tem muito suor da equipe que administra a franquia daqui e de todas outras. Desta vez, não estava como profissional, mas vendo o outro lado da moeda, das dificuldades e facilidades de levar esse importante nome.

 

 

Talvez o aspecto mais relevante do nosso sucesso como curadoras, fora o “sangue nos olhos”, ou seja, vontade, também o fato de sermos do “povo da arquitetura”, nós duas que sobrevivemos do nosso trabalho e entendemos do envolvimento do profissional em uma mostra como essa, entendemos o envolvimento das empresas que tem os mesmos objetivos de incrementar seus negócios. Nas ações mais importantes dessa função considero o fato da expertise que carregávamos, já estava na nossa bagagem, afinal de dificuldades e êxitos na montagem dos ambientes e relacionamento com fornecedores já estávamos “cancheiras”, ou seja, experientes. Bingo de novo! Entender o lado de lá foi uma novidade, mas o lado de cá da moeda era nosso chão.

Algumas renuncias por muitas vezes temos que tomar para abrir espaço para projetos mais ousados, em todas as esferas da vida; há de se trabalhar menos para se ter um filho, há de se fazer opções o tempo todo. Das portas que abrimos, considero os relacionamentos pessoais o maior bem que conquistamos, redes sociais, revistas, sites, as próprias mostras todas essas ações são importantes meios de divulgação, mas não substituem as relações e a boa aptidão de enxergar uma oportunidade na vida. Essa sem dúvida foi uma bela oportunidade que tive e agarrei, para todos que estão na estrada, seja arquiteto ou designer, hão de perceber e querer se relacionar transversalmente, ou seja, você não vai projetar para um arquiteto ou designer atuante? Dificilmente. O relacionamento com pessoas diferentes é importante. Nas relações paralelas, pessoas do mesmo meio ajudam-se mutuamente, como se apropria dessa frase o amigo Eduardo Becker, “ninguém faz nada sozinho”. As parcerias são fundamentais, salutares, nos tornamos elos mais fortes na profissão.

Aqui contei um pouquinho da minha história nesse negócio, mas não só em um negócio, não existe a Gabriela só profissional, não existe a Gabriela no seu ambiente familiar com o seu cachorro de estimação, somos inteiros e na minha opinião entender isso é o pulo do gato.

OS DESAFIOS DA CURADORIA DE 2018

Para entender um pouco essa história de datas, quando se faz uma Casa Cor do ponto de vista da organização, o ano começa quando iniciamos a escolha do novo lugar e também quando se risca o primeiro traço do MASTERPLAN, estávamos em outubro/2017 e tínhamos certeza que 2018 já havia começado, muito estranho isso. (risos)

Cheias de experiências e a convite da família Capaverde diretores da Casa Cor/RS, analisamos erros e acertos e mergulhamos no segundo ano de curadoria. O ano de 2018 chegou lotado de promessas, um novo e instigante lugar foi escolhido regado à lindos recantos e histórias de vida dos ex-moradores, as paredes daquelas casas nos contavam histórias vividas e um MASTERPLAN desenhado em seis casarões no bairro Três Figueiras tomava forma. Com a busca em nos tornarmos mais eficientes, o light designer Eduardo Becker passou a integrar o time de curadores agregando mais essa especialidade e a sua experiência, com novos membros contratados a equipe de arquitetura ganhou forma com um time mais redondo ainda.

Depois das primeiras impressões e muitas  conversas eufóricas houve um entendimento que a Casa Cor estava inovando e fazendo um UPGRADE incrível, o tema CASA VIVA além de tratar a biofilia e sustentabilidade como vertentes principais, sugeria mais espaços utilizáveis, isso quer dizer, além de ambientes comumente contemplativos, ganha vez ainda mais, espaços de convívio como  a casa aberta com galeria de arte e restaurantes, o ambiente do Talks/coworking, que assino junto com minha parceira a Arq Aclaene de Melo, além dos já consagrados, café e loja. Trocando em miúdos, todas essas novas ações e as novas necessidades, não nos permitiu ficar na zona de conforto, o ano anterior tinha sido importante, mas sentimos claramente que novas situações apareceriam diferentes das anteriores, isso para nós pode ser comparado com as obras que realizamos, nunca uma é igual a outra, sempre há novidades, lançamentos e novas maneiras de executarmos as tarefas.

Não posso deixar de citar o TALKS que eu e Aclaene apresentamos na edição de 2017 e daremos sequência neste ano. Esse é um belíssimo exemplo da frase do amigo, “ninguém faz nada sozinho”, demos muito certo na Rádio Arquitetura, nossos bate-papos descontraídos sobre arquitetura, decoração e afins nos rendeu o TALKS na Casa Cor, entre outras coisas e conversas com pessoas interessantíssimas, contatos, tarimba e conhecimento. Se está sendo válido analisem com as suas próprias mentes, o movimento, a saída da zona de conforto nos faz crescer em vários aspectos, aceitar desafios da um frio na barriga, dor de cabeça e muitas alegrias. Então eu digo, se permitam fazer coisas diferentes, eu aceitei o desafio de escrever esse texto para contar a minha história, o meu ponto de vista e tentar fazer vocês pensarem através de outro paradigma, outro olhar.

Muito obrigada, bons desafios e bons negócios.

Por Gabriela Ordahy